sexta-feira, 29 de março de 2013

Trago em mim um deserto de palavras...

      
                                          (  imagem por Margusta Loureiro)

Sustento como se fosse um peso, a pena pesada das palavras, cujo coração se ausentou sem avisar, num grito de silêncio, sem poesia.
Na porta da casa, um deserto sedento de horas vazias, que se vão amontoando por entre as prateleiras da sala, esperando que o pó do tempo as cubra.
As tardes são sempre longas, quando a garganta se aperta na cegueira do sol. e no rosto despido ao vento agreste e seco, que chega em busca de água e de palavras. querendo sorver tudo num sopro de fala.
Mas o silêncio é tudo, e tudo o que não é, morre na distância, entre o coração e a palavra. Sucumbe ao peso dos dias, sem dias, com as horas e as datas vazias de sílabas. Já não as escuto e deixei de as olhar por dentro dos olhos.
Fundas são as noites, e as auroras tão tardias.
E na porta da casa, esse deserto, todos os dias...

©Margusta Loureiro.

Um comentário:

  1. Sinto a tua sombra
    permanente
    nua...
    a tornar transparente
    a tua ausência!

    Beijos,
    AL

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